Foto enviada da Fajã dos Padres, Madeira, por Eugénia Fernandes ao marido, Marcelo, que tinha migrado inicialmente para a Venezuela, estando então no Brasil.
No verso, Eugénia revela temer pela vida do filho Manuel António, que na época estaria doente, e faz menção a uma pulseira anteriormente oferecida por Marcelo, enviada já do Brasil, e que está visível na imagem no pulso da criança. Antes de ser memória substanciada no papel de um episódio da grande narrativa familiar, a fotografia é aqui e por si só um souvenir. Mas é também representação privilegiada das trocas materiais e afetivas em jogo nos percursos migrantes, prova dos trânsitos e usos de outros souvenirs como esta pulseira: ou seja, dádiva que comprova o apreço pelas dádivas e, nesse sentido, contra-dádiva.
Eugénia e o filho embarcam no navio Vera Cruz em 1960 rumo a Niterói, juntamente com a mãe de Eugénia, Augusta, uma das suas irmãs, Maria de Jesus, e dois dos irmãos, Manoel Fernandes e José Fernandes, este último acompanhado da esposa, Conceição. Dos poucos pertences que trazem da Madeira, constam algumas fotografias. Ao chegarem ao Brasil, Eugénia e a família reencontram os parentes e também as fotografias anteriormente postas em viagem